Assim que o portal se abriu eu
soltei a lança e disse:
–Vamos logo
–Não, eu tenho que ficar
segurando. – falou com uma voz quase rouca, como se estivesse fazendo esforço –
Vá você, e qualquer coisa diga meu nome de Elite para o seu “chefe”.
–Tudo bem – gritei de volta e
pulei.
...
Assim que eu cheguei ao outro lado
da porta Douglas já estava olhando para mim e esperando que eu me explicasse.
Logo então eu disse:
–Olá Douglas – falei limpando um
pouco minhas roupas e checando minhas armas – presumo que esteja se perguntando
como eu entrei aqui, sendo que não há nem um mestiço lá fora de guarda, e que
eu deveria estar na minha casa aproveitando minha família.
–Você leu minha mente – falou Douglas
sério – vamos se explique.
Depois de uma meia hora mais ou
menos explicando a história e sendo interrompido pelas perguntas de Douglas,
ele me encaminhou até a sala do “chefe” que me recebeu com um sorriso e pediu
que eu me sentasse. Assim que Douglas saiu ele disse:
–E então Devon, acho que tenho em
minhas mãos perguntas a serem feitas – falou o chefe um pouco sério mesmo assim
estava brincando com o anel de ouro dele.
–Bem senhor como já sabe eu fui
para minha cidade e... –então fui interrompido pelo “chefe”.
–Eu sei essa parte – falou ele
mexendo a mão como se expulsasse um inseto – eu quero saber como você saiu do
Duat.
–Então foi você?
–Na verdade não fui só eu, mas
vamos conte–me como saiu; que eu conto do que se trata essa sua pequena
“experiência”.
–Tudo bem – dei de ombros, e logo
comecei, depois de 15 minutos sem interrupções eu já havia acabado a história
em quanto o chefe ria alto.
–Parabéns Devon, –falou o “chefe”
depois de uma crise de risos – você foi excelente. Eu não pensaria em um jeito
mais eficaz.
–Obrigado senhor.
–Ora, acho que você precisa agora
falar com O Capitão Ulisses, entrar em contato com sua mãe e solicitar a
presença de Shu aqui. –falou o “chefe” em quanto se levantava abria aporta e
ria.
–Senhor? – falei.
–Sim? –foi a resposta do “chefe”
–O senhor não vai me dizer do que
se trata?
–Oh, sim – falou o “chefe”
sorrindo e sentando–se novamente. – tudo isso não passa de um treinamento de
Elite. Todo ano, se o calouro se mostrar apto para receber treinamento de
Elite, ele também tem esse “teste surpresa” por assim dizer. É um grande vazio
no Duat em que apenas os melhores conseguem sair. E no seu caso você é o
melhor, pelo menos o melhor calouro.
–Obrigado por me explicar senhor –
eu me levantei – com sua licença.
–Toda – respondeu o “chefe”.
Então eu me retirei da sala do
“chefe”; fui até a sala de treinamento de Elite, conversei com o Sr. Ulisses
que logo que me viu disse:
–Devon, vejo que conseguiu passar
no teste.
–Sim senhor...
–Vamos me conte como você saiu de
lá.
Após contar a história pedir
permissão para entrar em contato com minha família, fui até a sala de recepção
na qual Douglas ficava o dia todo. Ele estendeu a mão que estava com um
telefone celular e me entregou dizendo:
–Só 5 minutos
–Sim senhor – peguei o celular
disquei o número e informei minha mãe sobre o que aconteceu.
Eu não vou descrever a conversa
toda, mas foi parecida com a que tive com os outros, tirando o fato de que ela
mandou muitos beijos, estava chorando e preocupada, e falava com uma voz
trêmula. Eu basicamente disse a história resumida e tive que desligar para não
exceder os 5 minutos.
Depois disso eu solicitei a
presença de Shu à Douglas e ele assentiu.
Em dois minutos eu estava
explicando tudo a Shu em uma sala a prova de deuses – era tipo uma sala em que
os presos se reúnem brevemente com as famílias – e ele ficava acrescentando
“puxa vida, você vai dar um ótimo mago” ou “caramba, eu bem que falei que você
deveria escolher o lado egípcio” ou ainda “se você ainda não percebeu que você
é um mago nato você tem algum problema”.
...
Depois de dois dias treinando para
o meu duelo anual com o “chefe” eu já me sentia em forma, e de vez em quando,
com saudades de treinar com os bonecos de escuridão do Duat, logo eu colocava a
mão no bolso, pensava em chama-los, mas depois dizia mim mesmo “agora não”.
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