Eu havia acabado de Sair do Duat (o
que foi um grande alívio) e fui parar no Japão; até onde eu sei, não tenho
sangue japonês nas minhas veias, então eu custei a identificar onde estava.
Quando eu sai da fenda comecei a
pensar que fiz um grande barulho pois um pacato senhor saíra de sua casa e
olhava para os lados como se procurasse por algo quebrado, mas tudo que tinha
lá era eu. Como eu havia manipulado aqueles bonecos de escuridão eu ainda
sentia sua força vital o que me fez drenar muita energia para não desmaiar.
Como eu não parecia um turista o homem começou a me encarar. Eu tentei um diálogo,
mas ele não falava minha língua, então a nossa conversa foi mais ou menos
assim:
–Kon'nichiwa otokonoko –
falou ele um com um sorriso preocupado – Ogenkidesuka?
–Oi – falei tentando não mostrar
minha dor – você fala minha língua?
–Anata ga gaikoku hitodearu. Sode
wa arimasen ka?
–Me desculpe não falo Japonês.
Então eu me virei corri para o
lado esquerdo a casa do homem com que tive a breve conversa e segui correndo.
...
O meu trajeto não foi muito
complicado, eu dobrei a primeira esquerda, segui uma rua bem estreita e
comprida com casas que pareceriam americanas se não estivessem ao lado de
placas de trânsito escritas em japonês, e segui até chegar a uma curva para a
esquerda, examino a passagem e vejo que provavelmente não vai dar a lugar
algum, então sigo meu caminho até chegar ao fim da rua e me ver com duas
opções: esquerda ou direita. Então eu pulei a barra de ferro corri até o outro
lado, pulei a outra barra e me deparei com algo sinistro: um Dragão Japonês
...
Eu havia me esquecido, do meu
cheiro e estava simplesmente tentando fugir de qualquer lugar que fosse próximo
a onde eu tenha ficado preso, acontece que o dragão estava me atraindo até ele.
Enfim, obviamente eu saquei minha espada e começamos uma luta. Ele com suas
garras me feriu no ombro esquerdo, eu feri o pescoço do bicho no lado esquerdo,
porém minha espada ficou presa nas escamas do dragão e ele ia me morder, mas no
ultimo instante uma flecha cravou no maxilar do lado direito do animal e com exceção
da escama ele se desfez em pó.
Em outra parte do estacionamento
estava de pé um grande cara que carregava uma mochila nas costas, vestia calças
jeans usava tênis pretos e uma camiseta branca gola V com mangas, e por cima
ainda usava um sobretudo, mesmo de longe eu reparei em seu anel, e vi a cor
prateada dele refletida no sol da tarde. Logo eu percebi que se tratava de um
caçador de Elite, provavelmente o único que estivesse alguma patente a cima do
Capitão Ulisses, além do "chefe". Ele veio andando até mim em quanto
eu pegava a minha espada da pele do dragão e a guardava na minha mochila.
Quando ele estava a mais ou menos 15 passos de distância falou:
– Anata wa, kankodesu ka?
–Desculpe senhor, não falo sua língua...
–Eu perguntei se você é um
turista.
–Não senhor
–É um... –falou ele olhando para
os lados certificando–se de que não havia ninguém nos espionando – jovem
caçador?
–Ainda estou em treinamento.
–Entendo. Você até que foi bem –
falou o caçador olhando a carcaça do dragão – eu estava caçando esse monstro há
dias, você fez uma excelente distração.
–Obrigado... eu acho. – falei
confuso
–Você é da CDM brasileira, não é? –falou
o caçador com os olhos semicerrados.
–Sim. – dei de ombros – pelo menos
pretendo ser um caçador de lá...
–Vamos eu te dou uma carona.
–O quê? – falei confuso
–Você sabe onde está? –perguntou o
Caçador.
–No Japão, presumo. – respondi
–Você está em Matsuyama–shi, Ehime–ken, Japão.
–Isso é importante?
–Pôr em quanto não – respondeu ele
olhando para a direita, como se olhasse na direção de onde eu tinha vindo. –
Como exatamente você chegou aqui?
–É mesmo. –falei batendo na minha
cabeça – Eu estava na minha festa de aniversário no Brasil, então quando eu ia
subir as escadas para ver a minha avó apareceu um portal daqueles que os
caçadores usam e eu não parei de subir, e fui parar no Duat. Daí eu comecei a
andar até achar uma saída e criei bonecos de escuridão, depois dei vida a eles
dando um pouco da minha energia e os controlei para que abrissem a fenda do
Duat para o mundo mortal, mas os deixei pra trás e ainda sinto a força deles
tentando se impuser a minha.
–Bem – falou o caçador depois de
me estudar – você resolve isso na CDM Brasileira. Eu te levo lá vamos.
Então ele se virou abriu um
daqueles portais sinistros e disse:
–Você vem ou não?
–Vou, mas... –falei olhando pra
cima – você sabe que dia é hoje?
– No brasil deve ser o começo do
dia 15.
–15 de que mês? – falei um pouco
preocupado.
–Janeiro...
–De que ano?
Ele olhou um pouco estagnado para
mim e começou a dizer:
–Dois mil e...
E exatamente nesse momento, saíram
do portal do Caçador minhas pequenas criações: Os bonecos de Escuridão.
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